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Reflexão
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Anti-Colonialismo
Anti-Heteropatriarcado
“You have not yet been defeated.” Carta aberta pela liberdade de Alaa Abd El-Fattah e o fim das prisões políticas no Egito
 
AN Original
2022-09-05
Por Organizers for the September 5th Protest in Support of Alaa

Alaa Abd El-Fattah é escritor, ativista, programador de software, cidadão egípcio-britânico, e um dos mais de 60 mil presos políticos no Egito. Encarcerado ilegalmente, sujeito a maus tratos e tortura, está em greve de fome desde 2 de abril de 2022.

Alaa passou a maior parte da última década atrás das grades e foi condenado, em dezembro de 2021, a cinco anos de prisão sob acusações de disseminar notícias falsas. Não é caso único: o regime autoritário de Abdul Fatah Al-Sisi detém, prende e tortura, de forma sistemática, milhares de pessoas que contestam a repressão. Estima-se que o Egito tenha, neste momento, mais de 60 mil presos políticos, e é o terceiro país do mundo que mais prende jornalistas.

Desde os anos 2000, Alaa documentou, juntamente com a companheira Manal Bahey El-Din Hassan, os abusos da ditadura egípcia, tornando-se uma figura central do ativismo político no país. A partir da Primavera Árabe e da Revolução da Praça Tahrir, as autoridades egípcias tentaram silenciá-lo, à sua família e dezenas de milhares de outros ativistas com prisões ilegais, em condições desumanas.

Durante anos, Alaa não pôde sair da cela, saber as horas, ou ter acesso a qualquer informação do mundo exterior, incluindo ao seu filho, Khaled, com 10 anos. “O crime dele, como o de milhões de jovens no Egito e noutros lugares, foi acreditar que um outro mundo era possível. Ele teve a coragem de o tentar tornar possível”, escreveu Laila Soueif, mãe de Alaa, matemática, professora universitária e ativista.
 

Há mais de quatro meses em greve de fome, o estado de saúde de Alaa tem-se deteriorado rapidamente, estando a sua vida em risco. Fazendo nossas as reivindicações de Alaa Abd El-Fattah, exigimos a:

1 - Libertação de todas as pessoas presas nas prisões da Agência de Segurança Nacional ou na sua sede;

2 - Libertação de todas as pessoas que excederam o período de prisão preventiva: 6 meses para aquelas acusadas de contra-ordenações, 18 meses para aquelas acusadas de crimes, e 24 meses para aquelas que podem enfrentar prisão perpétua ou pena de morte;

3 - Libertação de todas as pessoas que foram sentenciadas inconstitucionalmente (de acordo com a nova Constituição), como aquelas que foram acusadas de publicar conteúdo ilegal, ou acusadas em tribunais de emergência;

4 - Absolvição ou liberdade condicional para todas as pessoas condenadas em casos onde não haja vítimas.
 

O Egito será também o palco da COP27 (Conference of the Parties), onde representantes políticos de todo o mundo se reunirão para discutir a crise climática e o futuro da humanidade. Tal como aconteceu em edições passadas, a conferência tem servido para adiar a tomada de decisões que resolvam a crise em que nos encontramos, distraindo-nos com pequenas insignificantes propostas. Enquanto isso, o regime de Sisi utiliza esta conferência para se vangloriar pelo seu papel ambientalista: “Acredito profundamente que a COP27 é uma oportunidade para demonstrar a nossa união contra uma ameaça existencial que apenas podemos ultrapassar através de uma ação concertada e a sua implementação efectiva”, escreve o presidente do Egito no site da COP27. Por tudo isto, exigimos também o boicote à COP27 de novembro.

Ao 157.° dia de greve de fome de Alaa Abd El-Fattah, segunda-feira, 5 de setembro, juntamo-nos às 18h30, no Largo do Intendente, em Lisboa, pela sua libertação e o fim das prisões políticas no Egito.

“You Have Not Yet Been Defeated”. Open letter calling for the immediate release of Alaa Abd El-Fattah's and of all political prisoners in Egypt

Alaa Abd El-Fattah is a writer, activist, software programmer, Egyptian-British citizen and one of more than 60,000 political prisoners in Egypt. Illegally imprisoned, subjected to inhumane treatment and torture, he has been on hunger strike since April 2nd, 2022.

Alaa has spent the greater part of the last decade behind bars. In December 2021, he was sentenced to 5 years in prison, accused of disseminating false news. Alaa is not the only one: Abdul Fatah Al-Sisi's authoritarian regime systemically detains, imprisons and tortures thousands of dissidents. At the moment, it is estimated that Egypt holds over 60,000 political prisoners, and ranks as the third country with the highest number of jailed journalists in the world.

In collaboration with his wife Manal Bahey El-Din Hassan, Alaa has documented the violations of the Egyptian dictatorship since the 2000s. Throughout the years, he has become a key figure in political activism in the country. After the Arab Spring and the 2011 Egyptian Revolution, Egyptian authorities attempted to silence Alaa, his family and tens of thousands of other activists in state security prisons, facing inhumane conditions.

For years, Alaa was unable to leave his cell, unaware of the time, without access to any information about the outside world, including news of his son, Khaled, who is now 10 years old. "His crime is that, like millions of young people in Egypt and far beyond, he believed another world was possible. And he dared to try to make it happen," wrote Laila Soueif, Alaa's mother, a mathematician, university professor and activist.
 

After more than four months on hunger strike, Alaa's health is quickly deteriorating and his life is at serious risk. Reiterating Alaa's demands, we demand:

1. To release all those who are imprisoned within National Security prisons/headquarters;

2. To release all those who have exceeded their pre-trial detention periods: 6 months for those charged with misdemeanors, 18 months for those charged with crimes, and 24 months for those charged with life sentences or the death penalty;

3. To release all those who have been sentenced unconstitutionally (according to the new constitution) like those charged for publishing, or those charged in emergency courts;

4. The pardon or conditional release for all those convicted in cases where there is no victim.
 

In November, Egypt will host COP27 (2022 United Nations Climate Change Conference), where political representatives from all over the world will meet to discuss the climate crisis and the future of humanity. As in previous editions, the conference is serving to further delay critical decision-making to agree on solutions to our current crisis, and distracting us with small, insignificant proposals. Sisi's regime is using this conference to greenwash their humanitarian crimes. He is quoted on the event's official website, stating: "I deeply believe that COP27 is an opportunity to showcase unity against an existential threat that we can only overcome through concerted action and effective implementation." Therefore, we call for the boycott of COP27.

On Monday, September 5th, Alaa's 157th day on hunger strike, we will gather at 18:30, at Largo do Intendente in Lisbon, calling for the immediate release of Alaa and of all political prisoners in Egypt. 

 

Disponível em inglês e árabe aqui

 

Assinam esta carta (por ordem alfabética):

Undersigned by (in alphabetical order):

الموقعون: (حسب الترتيب الأبجدي)

  • Adam Mahler, escritor e tradutor
  • Adriana Azevedo, engenheira
  • Afonso Queiró, assistente social
  • Airton Cesar Monteiro, social media manager
  • Alaa Alhariri, arquiteta
  • Alexandra Vieira, professora e ativista
  • Alexandra Lucas Coelho, escritora
  • Amit singh, Phd student
  • Ana Cláudia Jesus, bióloga
  • Ana Gomes, diplomata aposentada, ex MEP (2004-2019)
  • Ana Paula Cruz, médica
  • Ana Rita Alves, antropóloga
  • Ana Margarida Antunes, professora
  • Ana Naomi de Sousa, jornalista
  • Ana Santos, activista e trabalhadora de ONG
  • Andreia Brito, Estudante
  • Ângela Sobrinho, advogada
  • ANSOL - Associação Nacional para o Software Livre
  • António Baptista da Silva, jornalista aposentado
  • António Eloy, escritor
  • António Marujo, jornalista
  • António Pedro Dores, professor universitário
  • Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental (AAPSO)
  • Arianna Borelli, médica e ativista
  • Bárbara Rosa, jurista
  • Bárbara Silva, analista
  • Beatriz Geada, produtora
  • Beatriz Granado, designer
  • Bernardo Afonso, músico
  • Bernardo Varanda Prates, Java developer
  • Camila Cameira, engenheira química e ativista
  • Camila Lobo, investigadora
  • Carla Fernandes, jornalista
  • Carolina Monteiro, estudante
  • Carolina Piçarra, investigadora
  • Carolina Salgueiro Pereira, ativista e empreendedora social
  • Catarina Almeida Rocha e Sá
  • Catarina Oliveira, estudante
  • Catarina Oliva Teles, Engenheira Mecanica
  • Catarina Soares Barbosa, designer
  • Catarina Vasconcelos, realizadora e designer
  • Cátia Seabra, médica e associada da UMAR
  • Claraluz Keiser, gestora de projeto, urbanista-geógrafa
  • CIVITAS Braga - Associação para a Defesa e Promoção dos Direitos dos Cidadãos
  • Climáximo
  • Comité de Solidariedade com a Palestina
  • Cristina Jorge, funcionária pública
  • Cristiana Pinho, Psicóloga
  • Daniela Jorge Ayoub, investigadora
  • Daniel Oliveira, jornalista
  • Daria Yakusheva, illustrator
  • David Dias Paixão, músico
  • Dima Mohammed, investigadora
  • Diana Marina Dias Andringa, jornalista
  • Diana Oliveira, estudante
  • Diogo Faro, humorista
  • Duarte Lobo Figueiredo
  • Eduarda Pinto, atriz
  • Eliana Tsybikova, 3D Artist
  • Fabian Figueiredo, sociólogo e dirigente do Bloco de Esquerda
  • Fernanda Câncio, jornalista
  • Filipa Estêvão, farmacêutica
  • Filipa Milhais e Sousa, arquitecta
  • Filipa Perestrello, Funcionária Pública
  • Francisca Gorjão Henriques
  • Francisca Silva, investigadora
  • Francisco Lisboa, Estudante
  • Francisco Martins, músico e professor
  • Francisco Teixeira da Mota, advogado
  • Gaia Giuliani, investigadora
  • Greve Climática Estudantil Portugal
  • Hadil J.S. Ayoub, investigadora
  • Hasan Gozlugol
  • Hélio Carvalho, jornalista
  • Hélio Morais, músico
  • Henrique Ribeiro, professor universitário
  • Colectivo Humans Before Borders
  • Inês Amado, jornalista
  • Inês Armada Brás, gestora comercial
  • Inês Cisneiros, advogada
  • Inês Cortez, copywriter
  • Inês Filipa Valinho Ribeiro Soares, atriz
  • Inês Godinho, advogada
  • Inês Tomé, freelancer
  • Isabel Morais
  • Jamila Camará, ativista, estudante
  • Janica Ndela
  • Joacine Katar Moreira, historiadora
  • Joana Batista, designer
  • Joana Gonçalves de Sá, cientista
  • Joana Marques de Matos, estudante
  • Joana Torgal, arquitecta
  • Joana Villaverde, artista plástica
  • João Barros, jornalista
  • João Borralho, investigador
  • João Caçador, músico
  • João Fanha, economista
  • João Mak Duarte, estrategista
  • João Martins, arquiteto
  • João Tibério, copywriter
  • João Vasconcelos Didelet, estudante
  • Jorge Escórcio de Almeida
  • José Cortez
  • José Falcão, reformado da CP, SOS Racismo
  • José Torres, Designer Gráfico
  • Juan Branco, advogado
  • Juliana Graffunder, estudante
  • Juliana Senra, jurista
  • Leonor Caldeira, advogada
  • Leonor de Oliveira, psicóloga clínica
  • Lia Mendes
  • Lila Tiago, artista
  • Lúcia Gomes, advogada
  • Luísa Teotónio Pereira, reformada
  • Luís Eusébio, copywriter
  • Luís Nuno Barbosa, investigador e activista
  • Luís Soares Barbosa, professor universitário
  • Luís Sousa Ferreira, programador cultural
  • Luísa Dornelas, médica
  • Luiz Renato Sant'Anna Moreira, desenhador técnico e estampador de tecidos
  • Luzia Lambuça, estudante
  • Madalena Galrinho, estudante
  • Mafalda Corvacho, médica psiquiatra
  • Maria Francisca Gonçalves, estudante
  • Mafalda Matias, ativista
  • Manuel Pinto, investigador e jornalista
  • Manuel Ruiz, actor e ativista
  • Margarida David Cardoso, jornalista
  • Maria Almeida, jornalista
  • Maria da Soledade Pereira Malhó, secretário-geral
  • Maria Durão, artista plástica
  • Maria Escaja, promotora discográfica e deputada municipal
  • Maria Francisca Gonçalves, estudante
  • Maria Gil, atriz
  • Maria Helena Martinho, professora
  • Maria Isabel Silva de Sousa Martinho, médica
  • Maria Lobo, revisora
  • Mário Pequeno Inocêncio, funcionário público
  • Maria Pinheiro, assistente social
  • Maria Vlachou, gestora cultural
  • Mariana Branco Varanda da Silva Galrinho, programmer
  • Mariana Costa, assistente social
  • Mariana da Silva Mesquita, enfermeira
  • Mariana Ferreira, project manager & activist
  • Mariana Paganote Dornellas, investigadora
  • Mariana Romão, artista
  • Marília Laranjeira, professora
  • Mário Pequeno Inocêncio, funcionário público
  • Marisa Matias, eurodeputada pelo Bloco de Esquerda
  • Marta Vidal, jornalista
  • Matilde Alvim, ativista por justiça climática
  • Matilde Trigueiros, professora
  • Miguel Carvalho, jornalista
  • Miguel Cruz, designer
  • Miguel Duarte, ativista
  • Miguel Tasso, assessor de imprensa
  • Miriam Sabjaly, jurista
  • Mourana Monteiro, gestora de projetos Erasmus+ e activista
  • Natália Fernandes, professora na Universidade do Minho
  • Nuno Viegas, jornalista
  • Omar Ayoub, Engineer
  • Onome Akpogheneta, investigadora
  • Oriana Fernandes, massagista
  • Patrícia Alexandra Coutinho Alcoforado, operadora de parafarmacia
  • Patrícia Carreira, encenadora
  • Patrícia Cruz, Cidadã
  • Patrícia Daniela Ferreira Costa, estudante e ativista
  • Paulo Pena, jornalista
  • Pedro A. Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional
  • Pedro Filipe Soares, deputado e presidente do G. P. do Bloco de Esquerda
  • Pedro Frias, médico Psiquiatra
  • Pedro Miguel Santos, jornalista
  • Pedro Pedrosa, activista
  • Pedro Pereira, engenheiro
  • Rafaela Cortez, jornalista
  • Rafaela Neves, socióloga e ativista
  • Raquel Pinto, designer gráfica
  • Rebeca Csalog, antropóloga
  • Ricardo Cabral Fernandes, jornalista
  • Ricardo Esteves Ribeiro, jornalista
  • Ricardo Gouveia, arquitecto
  • Ricardo Lafuente, designer e ativista
  • Ricardo Robles Zamarripa, abogado e candidato a doutor em Direitos Humanos
  • Rita Gaspar, designer
  • Rodrigo Rivera, consultor
  • Rosie Morgan-Stuart, trabalhadora de ONG
  • Rúben Mendes, vice-presidente da ANSOL
  • Rui André Soares, jornalista
  • Saleem Haddad, escritor
  • Sanaa Mohrram, reformada
  • Sedrick de Carvalho, jornalista e activista
  • Serene Issa, colorista
  • Shady Issa, software engineer
  • Shahd Wadi, investigadora
  • Sila Santos, funcionaria publica
  • Sofia da Palma Rodrigues, jornalista
  • Sofia Lorena, jornalista
  • Sofia Lopes, estudante e ativista
  • Susana Alexandre, enfermeira e ativista
  • Susana C. Gaspar, artista, professora e ativista
  • Susana Pipa, médica
  • The Revolution will not happen on your Screen
  • Tatiana Mendes, feminista e técnica na área de educação
  • Tiago Alexandre Pinto Araújo
  • Tiago Carrondo, presidente da ANSOL
  • Tiago Loureiros, web developer
  • Tiago Vinagre de Castro, Bolseiro de doutoramento em Sociologia - Cidades e Culturas Urbanas (CES, UC)
  • Teresa Amorim, criminóloga e mestranda em Crime, Diferença e Desigualdade
  • Vânia Alves, lojista, mestranda em Sociologia do Género e da Sexualidade