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Moçambique: Nasce uma “Alternactiva” de análise rigorosa 
AN Original
2019-01-10
Por Boaventura Eugénio Monjane

Foi recentemente lançada, em Maputo, uma plataforma online de debate democrática em Moçambique. Chama-se Alternactiva e nasce pela iniciativa de um grupo de jovens académicos e ativistas de vários sectores, e ligados a movimentos sociais e organizações da sociedade civil. O Comité Editorial desta iniciativa de comunicação popular e alternativa conta com um doutorando do Centro de Estudos Sociais.

 

O panorama da comunicação social em Moçambique é limitado e, como resultado, as possibilidades de publicação de análises e opiniões são também muito limitadas. Os grandes meios de comunicação social, incluindo televisão, rádio e jornais, estão sob controle do Estado.

As taxas muito baixas de alfabetização de adultos, combinadas com a pobreza generalizada, fazem da Rádio Moçambique, propriedade do Estado, o meio mais importante e acessível de comunicação de massas no país. O acesso à Internet está a aumentar a um ritmo acelerado, juntamente com o aumento da posse de smartphones e a expansão da infraestrutura de telecomunicações. A internet pode, por conseguinte, em breve desafiar a rádio como a principal fonte de informação em Moçambique, apresentando um desafio considerável ao controlo governamental dos meios de comunicação social, mas uma grande oportunidade para esta intervenção.

A longo prazo, Alternactiva pretende ser o espaço de debate mais participativo, abrindo espaço para camadas da sociedade que, embora com capacidade analítica, não têm um espaço credível para expor os seus pontos de vistas, para além das redes sociais.

A iniciativa surge numa altura em que a liberdade de expressão é cada vez mais ameaçada em Moçambique. Recentemente, jornalistas foram detidos pelas forças militares, enquanto trabalhavam numa área actualmente em conflito armado, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. Num passado recente outro jornalista foi raptado e fortemente violentado por indivíduos que a polícia nunca logrou identificar, após ter se expressado, num debate televisivo, em relação à governação em Moçambique.

Há igualmente registos de assassinatos a jornalistas, invasão de residência e escritórios de activistas de organizações da sociedade civil.