A pandemia de desinformação e outras violências políticas ligadas à ascensão da extrema-direita é um problema no mundo contemporâneo. Quais seus impactos coletivos individuais? Como resistir a elas? Algumas das respostas a esse enorme desafio colocado às democracias estão em Resistências: arte e palavras para combater a difamação política, série documental em cinco episódios produzida pela plataforma democraciaAberta, afiliada da britânica openDemocracy.
Com episódios entre 15 e 20 minutos de duração cada, Resistências conta as histórias de quatro intelectuais e/ou artistas de destaque na esfera pública brasileira que foram vítimas de ódio político em seu país de origem e que, mesmo em exílio em diferentes lugares do mundo, seguiram lutando para sobreviverem à violência da difamação digital e pensando formas de enfrentá-la politicamente: o coreógrafo Wagner Schwartz, a filósofa e escritora Marcia Tiburi, a antropóloga Débora Diniz e o escritor e jornalista Jean Wyllys. Todos foram vítimas das chamadas fake news, da tentativa de assassinato de suas reputações e das ameaças de morte decorrentes após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil no final de 2018.
Nos seus vários locais de exílio, seja em Barcelona, Paris ou Nova York, ou reunidos em Londres, os quatro falam sobre as várias ações de sobrevivência que tomaram na sua luta para reconstruir os espaços privados, públicos e políticos que ocupavam antes de serem vítimas do "máquina do ódio" da extrema direita; e discutem também as várias estratégias criativas que seguiram para enfrentar as sucessivas tentativas de destruição de suas carreiras públicas por parte dessa máquina, cujas engrenagens incluem lideranças políticas, militares e religiosas da extrema direita e da direita.
Dirigida por Cristina Juliana Abril e produzida por Francesc Badia, esta minissérie, com a sua linguagem visual direta e uma narrativa jornalística inovadora, visa não só documentar a sua experiência de exílio e a sua luta contra o fascismo e o discurso de ódio, mas também ilustrar como as estratégias de autodefesa através da arte e da palavra podem inspirar muitas outras pessoas que venham a ser vítimas de notícias falsas e de difamação digital programada em todo mundo.
Resistências foi toda filmada entre 2021 e 2022 entre Barcelona, Paris, Nova York e Londres, lugares em que viviam os diferentes exiliados. O lançamento já foi feito nas três cidades europeias e tive uma estreia nacional em Salvador de Bahia, Brasil com sucesso de público e crítica. “Trata-se de um documento emocionante e politicamente muito potente sobre um tema que hoje assombra o mundo e que ameaça artistas, intelectuais e políticos em toda a parte: a desinformação com fins de assédio, silenciamento, assassinato de reputações e desumanização. Vejamos, por exemplo, o papel que este mal está jogando nas guerras da Ucrânia e no Oriente Médio”, explica o jornalista Francesc Badia, diretor de democraciaAberta e idealizador e produtor da série. “Escutar e entender quais foram as estratégias que esses quatro brasileiros desenvolveram para lidar com os danos materiais e emocionais da difamação e seguirem politicamente ativos é algo que todo mundo deveria fazer. Por isso, convido-os a assistir esta série”, conclui Badia.
Conteúdo Original por Open Democracy